quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Santa Tekla - Primeira Mártir

Santa Tekla nasceu na cidade de Egonia. Filha de pais pagãos, aos 18 anos de idade chamava atenção de todos por sua beleza extraordinária.
Pelo ano 45 da era cristã, o apóstolo Paulo já havia iniciado sua primeira viajem para a qual havia sido destinado, pregando a adoração a Deus e a adoção do Santo Evangelho.
Em caminho à Grécia, o Apóstolo passou pela cidade de Egonia e ao entrar em um templo encontrou estátuas sobre as quais estavam escritos nomes de deuses, tais como: “O Deus Desconhecido, O Deus do Conhecimento, O Deus da Beleza, O Deus da Filosofia...
Parecia que essa gente sabia que algo lhes faltava. Então movido pelo entusiasmo que emana a fé, falou em voz alta e firme: “Oh meus irmãos, esse Deus que vocês desconhecem eu os digo: é o criador do céu, da terra, dos mares, da órbita e de seus habitantes. O Deus que ao pedirdes é atendido e ao procurardes encontram, porém estátuas feitas pelos homens podem quebrar e serem reconstruídas quando assim desejamos. Mas o Deus verdadeiro é o que nos criou a sua imagem e semelhança.”
Paulo divulgava o culto a Deus e ensinava a fé cristã, ensinando as pessoas a rezar, a pureza e o amor ao próximo. Naquele momento, Santa Tekla se encontrava sentada diante da janela da sua casa que dava para o lugar onde Paulo fazia suas pregações. Sem sair do lugar, ela ficava escutando admirada, prestava tanta atenção que não se lembrava nem de comer, coisa que incomodava muito a sua mãe. Ao perceber seu estado crítico convenceu o seu esposo, que a era o governador da cidade, para que ele tentasse convencer a menina, fazê-la repensar suas atitudes e retornar a sua religião.
Seu pai então foi conversar com ela para convencê-la:
“Porque está fazendo isso, minha filha? Quem é esse homem que esta escutando e que diz tantas palavras sem fundamento? Nossa religião pagã é uma tradição de nossos ancestrais e não podemos mudá-la. Recupere o seu juízo e deixe esse homem que diz o que quer.”
Ela sem demora tentou convencê-lo e com palavras firmes disse:
“Oh pai, nossa religião está quase desaparecendo, pois precisa de princípios, nós mesmos fazemos as estatuas com as próprias mãos e quebramos quando queremos, já o Deus de Paulo é o Deus verdadeiro, é o todo poderoso criador do Universo, nós somos seus filhos, o que nós pedimos a Ele nos atende sempre e sem demora. Essas estátuas de pedra, sólidas, sem alma e sem espírito, não vêem , não olham, nem se movem.”
Ao escutar suas palavras, sua mãe se enraiveceu e gritou ao marido, que era o governador:
“Queima essa hipócrita na frente de todo mundo, para que sirva de exemplo para as moças que quiserem imitá-la”.
O governador decretou então que Tekla seria queimada. Então uma multidão de gente se reuniu para ver o espetáculo. Preparada a fogueira a jovem, semelhante a uma doce ovelha que busca seu Pastor, fez o sinal da cruz sobre o fogo e com alta voz gritou:
“Oh Deus de Paulo, acolhe a alma de sua escrava, ansiosa de estar ao seu lado.”
De repente o céu ficou nublado, raios começaram a cair e em seguida uma forte chuva tomou conta do lugar apagando a fogueira. Quando passou a tempestade, Tekla olhou ao redor, mas não encontrou a multidão que lá se encontrava, pois fugiu de medo. Santa Tekla saiu correndo e se escondeu na casa de seu vizinho, onde Paulo fazia suas pregações e onde a esposa e filhos rezavam por sua salvação. Paulo partiu em direção à Antioquia e à Síria deixando Santa Tekla debaixo da proteção de Deus.
O governador, com muita raiva, mandou que seus soldados a levassem para dentro da jaula dos leões que ficava perto das muralhas da cidade. Ao entrar na jaula uma forte luz resplandeceu e as feras selvagens se transformaram em animais dóceis e se prostraram aos pés de Santa Tekla, lhe fazendo reverência. Toda multidão se assombrou com o ocorrido e muitos passaram a crer no Deus de Santa Tekla. Mesmo assim os soldados não desistiram de matar a santa. Jogaram-na dentro de um quarto cheio de répteis venenosos com a esperança que eles a matassem. Mas os répteis começaram a sair do quarto gentilmente deixando Santa Tekla em paz. Todos ficaram ainda mais perplexos com o milagre. Mas o governador, que cada vez mais se enfurecia, disse então que iria decaptá-la.
Então Santa Tecla foi levada a Antioquia, pois sua história já tinha se espalhado por todas as regiões vizinhas. Foi levada a frente do governador que ao vê-la teve compaixão e perguntou-lhe quem ela era, qual era sua história.
“Eu ouvi dizer que nem a fogueira, nem as feras e nem as serpentes puderam lhe causar algum dano.”
Então Santa Tekla lhe respondeu:
“Sou a escrava de Deus imortal e quanto a minha história, eu creio em Jesus Cristo e Sua poderosa Cruz.”
Ela continuou pregando ao governador com as palavras que São Paulo dizia. Imediatamente o governador proclamou sua fé em Deus todo Poderoso. Ele se levantou na frente de todos e disse:
“Esta é Santa Tekla, a servidora de Deus. Ela terá uma liberdade absoluta e nenhum mal lhe atingirá.”
Tekla então, muito alegre, prosseguiu pregando nos lugares por onde passava, em seu caminho, em direção até a Síria, onde se encontrava Paulo, que havia voltado para Damasco para dar continuidade a sua pregação. Assim, Santa Tekla cruzou o território de Antioquia e entrou no norte da Síria, passando por muitas cidades onde pregou o amor de Deus.
A caminho da região de kalamum encontrou uns lavradores e lhes perguntou o que eles estavam fazendo. Eles responderam que estavam semeando trigo. Então ela olhou para o céu e pediu para que a plantação se transformasse. Então a plantação cresceu, amadurecendo rapidamente ficando pronta para colheita. Enquanto isso os soldados mandados pelo governador continuaram perseguindo Santa Tekla. Encontraram-se com os mesmos semeadores no caminho e lhes perguntaram sobre Santa Tekla. Os semeadores disseram que a viram quando começaram o plantio do trigo. Os soldados ao verem que o milho estava pronto para a colheita tomaram o caminho contrário de Santa Tekla.

Monte Maaloula
A jovem virgem se salvou e atravessando vales e montanhas chegou às ladeiras do Monte Maaloula. Ela já estava muito cansada e vendo aquela altíssima montanha se prostrou de joelhos, levantando as mãos para o céu e implorando a Deus:
“Oh Deus meu, o Senhor que me salvou de feras ferozes, da fogueira ardente e da opressão de meus pais ajuda-me a atravessar essa alta montanha.”
De repente um enorme milagre aconteceu a montanha se abriu provocando um barulho estrondoso, fazendo surgir uma fenda estreita onde a água escorria servindo de passagem para a santa. Esse enorme desfiladeiro se mantém desde o primeiro século da Era cristã e se chama Mar Tekla, que conduz a uma caverna no qual se refugiou a santa, transformando-a em um lugar de hospedagem para a santa, nos pés da colina, onde acontecem as rezas e as adorações para Deus.
Ela se alimentava de plantas silvestres e bebia da água que escorria pelas fendas. Sua presença atraia atenção dos vizinhos, os quais começaram a se reunir para escutar suas pregações, ouvir a Palavra de Deus. Ela lhes ensinava a abandonar a adoração de estátuas e batizava com água aqueles que adotavam a fé cristã e que acreditavam em Deus glorificado. Quanto aos doentes, ela rezava pela salvação deles, lhes dava água benta para beber e assim os curava. Então sua fama se espalhou por toda região, tornando-a conhecida como mãe dos doentes.
Santa Tekla permanecia em sua caverna rezando e jejuando ininterruptamente. Pregava, batizava, curava doentes e fazia milagres até que Deus levou sua alma para perto Dele. Ela se foi no final do primeiro século da era cristã. Seu corpo foi sepultado no Panteão e se mantém na mesma caverna até hoje, com um desenho muito simples, mas que ficou na história como o primeiro templo cristão, agora chamada de igreja, a qual acolhe os peregrinos procedentes de várias partes do mundo. Todos dizem que quem rezar perante sua tumba e beber água da fonte que fica ao lado da sua tumba recebe a bênção para que seu pedido seja atendido. Perante tantos milagres realizados em seu Panteão várias nações pediram para o santuário de Santa Tekla alguns de seus restos mortais para deixarem em seus templos, pois conseguiram muitos milagres por terem ido ao santuário e bebido da água de sua fonte.
Santa Tecla tem sido denominada a primeira mártir por ser a primeira mulher cristã a se submeter à opressão e ao suplício, por ter abraçado a Palavra de Deus. Seu santuário se encontra a nordeste de Damasco, a uns 56 km da capital e é rodeada pela serra do Kalamun, atravessada pela Santa durante sua caminhada. Este povoado tem uma característica única na Síria, pela forma de construção de suas casas cimentadas sobre rochas que se constroem umas em cima das outras. O convento de Santa Tekla, que se encontra neste lugar, é visitado por peregrinos de todas as regiões. Conhecido como Convento Mãe, que acolhe a todos os visitantes sem distinção. Ali se acolhe devotamente os visitantes que têm promessas a cumprir e os peregrinos. Lá acolhem cristãos e muçulmanos que passam por lá antes de irem a Jerusalém.
Hoje em dia o convento é uma comunidade religiosa Ortodoxa que responde ao Centro Patriarcal em Damasco, formado por Monjas que consagram a vida a serviço do convento, atendendo aos visitantes do santuário. Ao lado do sepulcro de Santa Tekla os cristãos construíram um altar para rezar. Existe lá também uma Igreja para celebração da Santa Missa, assim como um museu com objetos de cobre e barro da época. Este convento é considerado como um dos mais importantes santuários cristãos depois de Jerusalém. Recebe visitantes e fiéis procedentes de todas as partes do mundo para rezar e receber bênçãos. Isso ocorre durante todas as estações e dias do ano. Mas nos dias 14 e 24 de setembro o santuário recebe um número muito maior de visitantes, pois se comemora os dias da Cruz e de Santa Tekla, respectivamente.
Depois de conhecer o santuário o que mais chama atenção dos visitantes é o desfiladeiro Mar Tekla. Onde se estende o mais precioso desfiladeiro criado por Deus e que é continuação do Monastério. Mar Tekla é formado por pontas e escavações em diversas dimensões, o que nos leva a meditar longamente e glorificar o Criador. Maaloula foi morada dos santos que a transformaram em centro de pregação. Muitas dessas cavernas existem até hoje, tais como as que foram usadas por Santa Bárbara, São Jorge etc. Isso transforma Maaloula em um importante centro pertencente a uma importante Diocese que existe desde o século XIV ao século XVIII da nossa era. Assim Maaloula e seus componentes constituem provas demonstrativas do grande poderio de Deus, da grandeza do homem sírio, da profunda fé desses homens, do seu amor ao próximo e a Deus.
Por fim, o Monastério conta com um pavilhão especial para a educação das meninas órfãs, cuidadas e educadas por professoras bem capacitadas, que as formam para serem excelentes monjas ao serviço de Deus.

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